sexta-feira, 29 de julho de 2011

Relevo Brasileiro Segundo Jurandyr Ross


Tendo participado do Projeto Radam e levado em consideração a classificação de Ab'Saber, Jurandyr Ross propôs uma divisão do relevo do Brasil tão detalhada quanto os novos conhecimentos adquiridos sobre o território brasileiro nos dois primeiros projetos. Por isso ela é mais complexa que as anteriores. Sua proposta é importante porque resulta de um trabalho realizado com o uso de técnicas ultramodernas, que permitem saber com mais conhecimento como é formado o relevo brasileiro. Esse conhecimento é fundamental para vários projetos (exploração de recursos minerais, agricultura) desenvolvidos no país.
Ross aprofundou o critério morfoclimático da classificação de Ab'Saber, que passou a fazer parte de um conjunto de outros fatores, como a estrutura geológica e a ação dos agentes externos do relevo, passados e presentes. Esta terceira classificação considera também o nível altimétrico, já utilizado pelo professor Aroldo de Azevedo, embora as cotas de altitude sejam diferentes das anteriores.
Desse modo, a classificação de Jurandyr Ross está baseada em três maneiras diferentes de explicar as formas de relevo:
  • morfoestrutural: leva em conta a estrutura geológica;
  • morfoclimática: considera o clima e o relevo;
  • morfoescultural: considera a ação de agentes externos.
Cada um desses critérios criou um "grupo" diferente de formas de relevo, ou três níveis, que foram chamados de táxons e obedecem a uma hierarquia.
  • 1º táxon: Considera a forma de relevo que se destaca em determinada área — planalto, planície e depressão.
  • 2º táxon: Leva em consideração a estrutura geológica onde os planaltos foram modelados — bacias sedimentares, núcleos cristalinos arqueados, cinturões orogênicos e coberturas sedimentares sobre o embasamento cristalino.
  • 3º táxon: Considera as unidades morfoesculturais, formada tanto por planícies como por planaltos e depressões, usando nomes locais e regionais.
O relevo de determinada região depende de sua estrutura morfológica. Tendo sido feita uma nova classificação do relevo, e corresponde uma nova análise da estrutura geológica brasileira.
As novas 28 unidades do relevo brasileiro foram divididas em onze planaltos, seis planícies e onze depressões.

Planaltos


Compreendem a maior parte do território brasileiro, sendo a grande maioria considerada vestígios de antigas formações erodidas. Os planaltos são chamados de "formas residuais" (de resíduo, ou seja, do que ficou do relevo atacado pela erosão). Podemos considerar alguns tipos gerais:
  • Planaltos em bacias sedimentares, como o Planalto da Amazônia Oriental, os Planaltos e Chapadas da Bacia do Parnaíba e os Planaltos e Chapadas da Bacia do Paraná. Podem ser limitados por depressões periféricas, como a Paulista, ou marginais, como a Norte-Amazônica.
  • Planaltos em intrusões e coberturas residuais da plataforma (escudos): São formações antigas da era Pré-Cambriana, possuem grande parte de sua extensão recoberta por terrenos sedimentares. Temos como exemplos os Planaltos Residuais Norte-Amazônicos, chamados de Planalto das Guianas nas classificações anteriores.
  • Planaltos em núcleos cristalinos arqueados. São planaltos que, embora isolados e distantes um dos outros, possuem a mesma forma, ligeiramente arredondada. Podemos citar como exemplo o Planalto da Borborema.
  • Planaltos dos cinturões orogênicos: Originaram-se da erosão sobre os antigos dobramentos sofridos na Era Pré-Cambriana pelo território brasileiro. A serras do Mar, da Mantiqueira e do Espinhaço são exemplos desse tipo de planalto. Fazem parte dos planaltos e serras do Atlântico Leste-Sudeste.

Depressões

Nos limites das bacias com os maciços antigos, processos erosivos formaram áreas rebaixadas, principalmente na Era Cenozoica. São as depressões, onze no total, que recebem nomes diferentes, conforme suas características e localização.
  • Depressões periféricas: Nas regiões de contato entre estruturas sedimentares e cristalinas, como, por exemplo, a Depressão Periférica Sul-Rio-Grandense.
  • Depressões marginais: Margeiam as bordas de bacias sedimentares, esculpidas em estruturas cristalinas, como a Depressão Marginal Sul-Amazônica.
  • Depressões interplanálticas: São áreas mais baixas em relação aos planaltos que as circundam, como a Depressão Sertaneja e do São Francisco.

Planícies

Nessa classificação grande parte do que era considerado planície passou a ser classificada como depressão marginal. Com isso as unidades das planícies ocupa agora uma porção menor no território brasileiro. Podemos distinguir:
  • Planícies costeiras: Encontradas no litoral como as Planícies e Tabuleiros Litorâneos.
  • Planícies continentais: Situadas no interior do país, como a Planície do Pantanal. Na Amazônia, são consideradas planícies as terras situadas junto aos rios. O professor Aziz Ab'Saber já fazia esta distinção, chamando as várzeas de planícies típicas e as outras áreas de baixos-platôs.

8 comentários:

  1. obrigado,me ajudou muito no trabalho de geografia.

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  2. Acho essa classificação do relevo complicada e um desserviço ao ensino da geografia física nas escolas. Ninguém estuda mais o grande relevo brasileiro nas escolas de ensino básico. Não há como, com tantas unidades. Não é porque essa classificação é mais nova e nem porque conta com a chancela de muitos acadêmicos, que é melhor. As classificações anteriores eram mais simples e compreensíveis. A presença de tantas depressões é para muitos misteriosa e polêmica. Quando viajamos, lemos jornais e revistas simplesmente não há citação popular de depressões... Elas fogem à percepção que as pessoas têm do espaço. Olhando sites que ensinam a fazer maquetes conclui o que disse acima. Não há como fazê-las com base nessa classificação. Mas dá perfeitamente para fazê-las considerando diretamente os níveis de altitude. Vejam o caso da depressão 21, cercadas por planaltos. Que contribuição ela dá para compreender o relevo dos estados que atravessa? Nenhuma. Rios a atravessam de leste para oeste, saindo de planalto, entrando nela e saindo de novo para planalto. Não dá para pensar nessas unidades pelas altitudes. O rio teria que descer e subir... Claro que ela é útil no curso superior. Se entende perfeitamente que bacias de sedimentação foram erguidas e suas bordas erodidas criando as depressões entre planaltos, sem que isso implicasse em orientação da hidrografia. Não gosto da classificação para ensinar nosso relevo para alunos mais novos que simplesmente se aborrecem com tantas unidades e não compreendem como uma depressão fica entre áreas mais altas sem dar origem a lagos... Essas depressões eram antes planaltos arrasados. Deveriam continuar a ser. Utilizo classificações mais simples e trabalho mais com formas de relevo mais próximos da realidade dos alunos: colinas, vertente, vales, serras, etc,

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  3. Acho essa classificação do relevo complicada e um desserviço ao ensino da geografia física nas escolas. Ninguém estuda mais o grande relevo brasileiro nas escolas de ensino básico. Não há como, com tantas unidades. Não é porque essa classificação é mais nova e nem porque conta com a chancela de muitos acadêmicos, que é melhor. As classificações anteriores eram mais simples e compreensíveis. A presença de tantas depressões é para muitos misteriosa e polêmica. Quando viajamos, lemos jornais e revistas simplesmente não há citação popular de depressões... Elas fogem à percepção que as pessoas têm do espaço. Olhando sites que ensinam a fazer maquetes conclui o que disse acima. Não há como fazê-las com base nessa classificação. Mas dá perfeitamente para fazê-las considerando diretamente os níveis de altitude. Vejam o caso da depressão 21, cercadas por planaltos. Que contribuição ela dá para compreender o relevo dos estados que atravessa? Nenhuma. Rios a atravessam de leste para oeste, saindo de planalto, entrando nela e saindo de novo para planalto. Não dá para pensar nessas unidades pelas altitudes. O rio teria que descer e subir... Claro que ela é útil no curso superior. Se entende perfeitamente que bacias de sedimentação foram erguidas e suas bordas erodidas criando as depressões entre planaltos, sem que isso implicasse em orientação da hidrografia. Não gosto da classificação para ensinar nosso relevo para alunos mais novos que simplesmente se aborrecem com tantas unidades e não compreendem como uma depressão fica entre áreas mais altas sem dar origem a lagos... Essas depressões eram antes planaltos arrasados. Deveriam continuar a ser. Utilizo classificações mais simples e trabalho mais com formas de relevo mais próximos da realidade dos alunos: colinas, vertente, vales, serras, etc,

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